30 de junho de 2016

Eu não levava muita fé neste desconhecido console

Como não sentir falta da juventude quando nos deparamos com algo nostálgico que nos puxa fortemente de volta para o passado? Quando eu era criança, a única “preocupação” que eu tinha era a de estudar, somente isso. Ansiava, no entanto, por crescer e trabalhar, ser dono do meu nariz, não receber ordens de ninguém e ter dinheiro para as minhas coisas comprar. O tempo foi passando e inevitavelmente isso acabou acontecendo, mas não da forma como gostaria/esperava, acabei me deparando e me submetendo a uma inversão total de muitas coisas enquanto outras jamais mudaram e nunca mudarão. Hoje, eu sou dono do meu nariz até relativo limite, enquanto tive de assumir por obrigação certas responsabilidades inevitáveis em pró da sobrevivência, outras, antes opcionais, acabaram se tornando um martírio em minha própria vida. Como não pensar no passado mediante a tudo isso? Como evitar o pensamento de que a infância, sim, é a melhor de todas as épocas? Como não agradecer a Old!Gamer por nos proporcionar algo que nos faça mergulhar de cabeça nessa "infância"? Hoje irei narrar o meu convívio inicial com o Playstation 1 da Sony que coincidiu com um período de transição entre juventude descompromissada para uma idade adulta repleta por problemas e compromissos.
Durante os anos de 1994 e 1995 (Eu tinha, respectivamente 15 e 16 anos de idade), passei a me envolver com games de uma forma bem mais intensa, frequentava as locadoras de games não apenas com o intuito de jogar, mas de ajudar de alguma forma nas tarefas do lugar. O console Playstation 1 (Lançado em Dezembro de 1994) não passava de uma inexpressiva novidade por aqui, menos ainda que o próprio 3DO (Lançado na América em 1993) onde eu jogava a exaustão ótimos games como Escape From Monster Manor (1993) com sua intrigante ambientação, Super Street Fighter II Turbo (1994) que me rendeu uma boa jogatina apesar do Joystick não ajudar em nada, Total Eclipse (Também de 1994) que para mim era um prato cheio visto que era (E ainda sou) super fan de Star Trek, e Alone in the Dark (1994) que foi o meu primeiro e mais importante game do gênero Survival Horror da época. Entretanto, mesmo neste período, a guerra SEGA versus Nintendo ainda faziam boas amizades debaterem durante horas qual era o melhor vídeo game. Eu era absolutamente viciado em Phantasy Star II e IV, enquanto que um amigo curtia Final Fantasy VI e Breath of Fire II, e ambos esmiuçávamos impiedosamente cada encerramento de Chrono Trigger. Mas não posso deixar de dizer que ainda havia um anseio por novidades tecnológicas e em relação a novas sequencias para os games que tanto amávamos.
O fato é que em nossa terra tupiniquim, durante esse período, o Playstation 1 não foi oficialmente lançado devido a concorrência desleal com o “mercado informal” (Para não dizer pirataria). Aqui em Belém, por exemplo, não era difícil ver camelôs e lojinhas espalhadas pelo centro comercial da cidade vendendo os famosos CDs piratas a um preço tão baixo que vendia como água e, pasmem, eles ainda davam garantia. Algumas das locadoras de games (Me refiro aquelas que funcionavam em pátios, salas ou garagens de alguma residência) faziam grande sucesso com esses jogos. Monetariamente falando, as Softwarehouses não conseguiram abocanhar a fatia nacional de lucro de suas obras intelectuais, e a única forma que a pirataria “ajudou” a Sony foi na popularização do console, até porque o lucro não está exatamente na venda do Vídeo Game, mas na comercialização dos jogos.
Prosseguindo com meu relato pessoal, quando o ano de 1996 finalmente chegou, o Playstation I começou a me chamar a atenção por causa do primeiro Resident Evil (Na verdade eu não jogava, assistia um amigo jogar), mas eu ainda dividia as minhas atenções com a versão nacional de Phantasy Star II (E posteriormente com o Phantasy Star III). Mas foram nos anos de 1997 e 1998, com games como Final Fantasy VII, Resident Evil II (Que eu considerava como sendo “O Poder”), Breath of Fire III e King Field, que a minha paixão pelo console se acendeu ainda mais (O sucesso de Gran Turismo lançado em Dezembro de 1997 ajudou muito o console a se destacar) me despertando o interesse de muitos outros títulos e, coincidentemente, foram nesses dois anos que eu comecei a trabalhar de maneira mais regular e compromissada numa locadora de games e, consequentemente, foi o período em que muitas coisas estavam começando a ficar bem mais complicadas para mim, fechando no ano de 1999 como sendo o pior que eu já passei durante toda década de 90.
- Mas, Yoz, o que você quer dizer com tudo isso? Que o Playstation 1 foi como um simbolismo de coisas ruins? – A resposta para essa pergunta é um tremendo e estrondoso NÃO, mas representou uma espécie de simbolismo de momentos de muita luta e vitórias (Vitória do tipo: “Vitorioso não é aquele que vence, mas que persiste diante da derrota.”). Espero não estar sendo confuso, mas lembrar desse período não é muito fácil, haviam muitas coisas boas num mar de coisas ruins que me fazem pensar que os ensinamentos da “escola da vida” consistem na convivência com as mais variadas formas de relacionamentos INTERpessoal com os mais seletos tipos de pessoas, e eu acabei tendo muito disso com clientes da locadora e suas exigências insanas, assim como no meu posterior trabalho na agrimensura no governo municipal (Este sim foi uma guerra de nervos, até tive um problema cardíaco por causa disso). Todas essas coisas me serviram para tentar ajustar a minha própria relação INTRApessoal avaliando meus valores. Embora hoje pareça diferente, antigamente isso não era nenhum pouco fácil para mim, mas foi o momento em que eu pude me orgulhar com a emersão do melhor que havia dentro de mim através das minhas atitudes, e aprender a evoluir com o pior que surgira em meus pensamentos e opiniões que, com o tempo, foram mudando e continuam se ajustando cada vez mais.
Sim! Eu sei! Este texto de certa forma pareceu confuso, mas foi uma época confusa onde, perdido, eu tentava me encontrar a cada dia, e usava os games como escapismo das realidades da vida. E o Playstation I teve um papel fundamentalmente tão íntimo que até numa ida(vinda) ao(do) colégio eu extraia algo intenso, quer seja cantarolando alguma música de algum game do sistema e pedalando montado numa velha bicicleta sob uma chuva intensa que castigava na calada da noite, ou deitado na minha cama imaginando games fabulosos que eu gostaria de criar inspirados nos sucessos do console.

Se tiverem curiosidades em saber tudo sobre o console, basta seguir este Link para compra: http://bit.ly/dossie-playstation
Vida Longa e Próspera!
\\//_

8 comentários:

  1. O Playstation passaria despercebido por mim se não fossem os anúncios. Eu queria o Saturn na época dos 32 bits e depois cogitei o Nintendo 64 porque queria Final Fantasy VII que seria lançado para ele.
    No fim das contas tudo mudou, o Playstation era mais barato no Paraguai e eu acabei conseguindo comprar um. Aí fui apresentado aos exclusivos e novos títulos do console e hoje em dia o console divide com o Super Famicom o posto de melhor console já produzido na minha opinião.

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    1. Eu fico imaginando como estaria a história da SEGA se o Saturn tivesse superado o PSX

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  2. Jogos no Brasil são muito caros com relação ao poder de compra médio da população, o poder aquisitivo médio do brasileiro aumentou, mas ainda é muito desproporcional.

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  3. Yoz, gostei bastante do texto, adoro textos nostálgicos assim, mesmo quando a história tem até uma passagem mais, digamos, triste. A vida é feita de momentos tristes e felizes, por mais cliché que seja dizer isso, usei só pra concluir dizendo que é fantástico como a nossa memória faz associações a momentos marcantes.
    Curiosamente eu só fui ter contato com o PSOne em 98, quando entrei na faculdade e fui na casa de um dos amigos que fiz lá. Antes disso eu fiquei por muito tempo com um Mega Drive e um 486. Se 99 foi um ano difícil, pra mim foi um ótimo ano, mas também foi quando eu tive meio que uma reviravolta na minha personalidade que não fez bem, mas que foi crucial para que eu aprendesse muito sobre a vida alguns anos mais tarde. Também foi o ano que eu ganhei um PSOne, diga-se de passagem! :)
    Aqui em SP a pirataria era fortíssima também. Acho que no Brasil todo era, né? Eu fico lembrando dessa época e vejo como era uma época bacana. Aí a gente fica velho e acha que aquela época era melhor. Daqui 10 anos eu vou estar sentindo saudades desta época presente. Vai entender o ser humano.
    Enfim, desculpe pelos devaneios e parabéns pelo texto, curti bastante!

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    1. Seus comentários, como sempre, são nota 10, Gamer Caduco. Pois é, o ano de 99 foi complicado pra mim, mas sempre tem seus momentos incríveis em meio aos extremamente ruins.

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